chuviscou nos telhados simples
chuviscou nos telhados simples
as gotas dançavam dulcíssimas
trespassando os pedestres rápidos
indo e voltando pelo asfalto
empoçado numa renúncia
de quem cansou de tanta gente
que passa e não percebe os cacos
de esmeraldas nos velhos ombros
dos muros plantados nas terras
abertas pelas mãos passadas
silentes no canto da casa
erguida no solo tocado
chuviscou nos telhados simples
as gotas acertavam como
barcos de papel naufragando
no mar de imagens chuviscadas