PARABELO

Carcará que observa sobre a cerca,

agouro espinhoso do diabo da seca,

faz som de tropeço na pedra do sertão,

gerra desenhada na poeira escura do chão.

O cego pousa na lua dependurada,

e vejo a ânsia da peixeira a faiscar

rasgando o couro da miséria ressecada,

onde as estrelas se recusam a brilhar.

Na inversão do cantador da pobre vida,

eu vi a gente miserável se acabar.

Como cordeiro que pressente a despedida,

quando o pipoco na caatinga retumbar.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 06/11/2020
Código do texto: T7105303
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