PARABELO
Carcará que observa sobre a cerca,
agouro espinhoso do diabo da seca,
faz som de tropeço na pedra do sertão,
gerra desenhada na poeira escura do chão.
O cego pousa na lua dependurada,
e vejo a ânsia da peixeira a faiscar
rasgando o couro da miséria ressecada,
onde as estrelas se recusam a brilhar.
Na inversão do cantador da pobre vida,
eu vi a gente miserável se acabar.
Como cordeiro que pressente a despedida,
quando o pipoco na caatinga retumbar.