SAUDADE À PORTA
Já era tarde
Quando alguém bateu à porta
Era a saudade
Com um olhar carente
Cabelos desarrumados
E um jeans rasgado.
Surpresa
Desejei intensamente
Que ela fosse embora
Mas ela me abraçou
Atracando-se ao meu peito
Recusando-se a partir.
Tentei ser forte
Achar meu norte
Mas a quem eu quero enganar?
Meu coração sem direção
Ainda viaja em teu olhar.
Então
Mandei a saudade entrar
Abrimos um vinho
E sentamos para conversar
Mas ela só queria se aquecer.
Cheia de vontades
Tomada pelo desejo
Devorou-me o sono
Com o fogo da sua paixão.
Nos perdemos noite afora
E na manhã seguinte
Ela se foi
Levando com ela
As minhas certezas.
Deixando apenas um bilhete
Assinado:
— SAUDADES —
Em minha mesa.