CHANCE

Um rebuliço tomou conta do meu peito

Tudo se tornou nebuloso em torno de mim

O coração ficou bagunçado

E cheio de sentimentos vazios.

As dúvidas me atormentam

Como um mar revolto em dias de ressaca

Minha alma está sem brilho

Sem cor

E em meio a dor

Esqueço quem sou

De onde vim e pra onde vou.

Perdido nessa selva escura

De pensamentos cruéis

Não vejo saída

Nem mesmo um resquício de luz

Sinto apenas o vento cortante

Da noite fria sem luar

Que piedosamente me acolhe.

Sem esperança em meu fôlego

Cerro meus olhos e calo meus lábios

Já cansados de clamar

Lutar parece inútil

Estou exausto

Desisti de remar.

De alma entregue ao caos

Sinto uma mão me segurar firme

Me resgatando em meio as ondas

Me livrando do desespero que me entorpece.

De mim ela me arranca

Sendo cais

Sendo abrigo

Sendo amigo

E em meio a escuridão

Eu posso ver novamente o raiar do sol

Entre as rachaduras em meu peito.

Em meus olhos

Um novo dia amanhece

Enchendo de ar os meus pulmões.

Reaprendo

Outra vez

Respirar.

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 03/11/2020
Reeditado em 05/04/2021
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