TEMPO HUMANO
Quanta vontade de voar bem alto!
Fortificar minhas asas e toda dimensão ganhar,
Tornar-me imune aos dissabores terrenos,
Sempre ouvir os cânticos dos anjos,
Permanecer ganhando as benesses dos céus.
São tantos os desejos que me inquietam a alma
Que somente a quietude celeste me acalmaria, por inteiro,
Porque aqui, embaixo, as lágrimas são tantas
Que tendem a afogar-me em pranto lento
E morro, devagarzinho, a cada dia,
No adormecer inquietante de cada noite.
Quando decresce o meu tempo humano
Restando-me, ainda, a vaga esperança
De poder adormecer perenemente
E ganhar a eternidade tão desejada.
Batalha - Piauí, 05 de março de 2003.
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Francisca Miriam Aires Fernandes, em "Safra Poética", 1ª edição, CBJE, Rio de Janeiro, 2020 (Página 20).
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