Velha sorte
Aquela boca
repleta de meios sorrisos tristes
me deixa com preguiça
de terminar poemas,
mas não fico cabisbaixo.
É como cair lentamente em seus braços.
Meu violão empoeirado
encostado ao lado do guarda-roupa
é um jeans com rasgos no joelho
que não me cabe mais.
A aguardente envelhecida
lá em cima do armário
me olha de lado
e eu finjo que não sei de nada.
Na verdade, não é artimanha
da minha parte.
Não sei de absolutamente nada.
Saber destruiria tudo.
A graça está em buscar, sempre.
Onde eu irei parar?
A janela do quarto
brilha de forma irritante e
me diz que não vale a pena
ter um coração
onde deveria repousar o meu cérebro.
Então me cubro
com lençóis verdes
e espero que
sentir tanta coisa ao mesmo tempo
um dia me liberte
da fraqueza adquirida por apenas existir.