Sábado no fandango
Sábado, sábado é dia de baile
enquanto eu cevo o mate,
vou pensado sem alarde
da noites do meu rincão.
Vou tomar banho na sanga,
ajeitar bem as melenas
vou usar bombacha nova,
as botas já estão lustrada
ja, já eu vou pro estrada
No meu pingo redomão.
O baio já está encilhado
e ele fica assanhado
quando passa da porteira
seguimos no trote largo
me lembro com devoção,
então levo a mão ao peito
e beijo meu santo amado
pedindo a sua proteção,
que me afaste dos perigos
me livrando das confusão.
O som da gaita manhosa
que vinha lá da coxilha
era a doce melodia
de uma vanera manhosa,
encurtando essa prosa
cheguei na porta da bailanta
amarei o baio ao lado,
emboquei desesperado
com os olhos arregalados
em busca de uma percanta.
Lá no meio do salão
encherguei uma morena
que tinha a boca pequena
de vestido encarnado,
me olhando com simpatia
Analisando o gaudério.
eu, eu não me fiz de rogada
firmando nos olhos dela
num gesto leve de Taura
sorri de leve pra ela.
Já primeiro intervalo
me acheguei pra perto dela.
e no primeiro acorde
estendi a mão pra ela.
com um sorriso de encanto
falei todo encabulado
que estava emocionada
e que ficaria feliz
em dançar de pé trocada.
Olhei nos olhos da prenda
enrodilhando-a em meus braços,
é nessa hora que eu acho
que o mundo fica pequeno
seus olhos pontos serenos
de sonho feito de amores,
desejos dos trovadores
dos poetas e andejos,
dançando na ponta dos pés,
cheirando os seu cabelos.
A noite segui mansa
a lua mostrou a fase
seus braços eram um laço
traçado na vacaria,
e suas mãos tão macias
tocando a minha, tão calejada
que ficou bem perfumada
com sua escência charrua
misturando o orvalho
nos seus cabelos, chirúa.
tudo que bom se termina
já diz o velho ditado,
hoje estou amarrado
na cuia da inspiração
somente a imaginação
dessas noites fandangueira,
das milongas e das vaneiras
dos chotes e dos bugios,
agora nas noites de frio,
só o mate, é meu parceiro.
(Sinop - 03-10-2020-20:27)