QUARENTENA III! (284)
Destranco a porta, relutante a empurro,
Ponho os pés na calçada, num pulo,
É noite, recebo a brisa em cheio, no rosto.
Respiro fundo, saboreando, seu cheiro e gosto...
Encantada e livre sigo andando,
O lago está limpo, não o estou reconhecendo,
Os bancos da praça, agora, são todos brancos,
Há flores, há frutos, lindos patinhos e gansos...
Continuo, subindo a rua onde moro,
Alguém se aproxima, vestido de branco,
Tem no peito um crachá, uma máscara no rosto,
Rápido, some na porta, do hospital ali perto...
Penso, só quero ir e vir, tenho esse direito,
Estou tão feliz, curtindo o momento,
Vejo um homem no chão, deitado ao relento,
Ao seu lado uma placa, ”fique em casa”, dizendo...
Ainda no escuro, de meu sonho, fui acordando,
Sentindo, a energia do mundo, se refazendo,
Sei, que o monstro lá fora, vai acabar morrendo,
Me abraço tranquila, novamente... Adormecendo...