Lentes velhas
O cisco estopim arranha e cava
onde mais provoca a pele. Fere
dentro da vista os olhos de trípodes
ou qualquer vasilha dessas mátrias.
Lentes velhas do rosto que colho
de jeito ralado. Vi o capacho,
um chegado de cada sujeira
pelos sapatos, patas civis
na entrada desta joça de toca,
no azinhavre da casa que empaca.
Esporro a visão destrambelhada
no monturo da cozinha azeda.
Lentes velhas e o cisco no cílio
tirado mas a pocilga fila
de mofo olhado na cara dentro
da carne ferida pelo sol.
Lentes velhas de medo
enxergam mais os socos,
justos, no próprio casco.