A MAIOR INVENÇÃO

O homem não inventou o amor;

se o tivesse feito o teríamos sempre à mão,

por quilo na mercearia, na prateleira

do supermercado, no açougue,

congelando no freezer.

Amor é o que acontece a quem nada espera,

um passeio no zoológico onde a fera principal

ataca mesmo atrás das grades.

Princípio que existe além do bem e do mal,

o homem sob a influência deste sentimento

é capaz de promover guerras, reduzir a pó

nações estrangeiras, quebrar a roda

de uma carroça para raptar a princesa,

motivo maior que partiu do amor.

Não haveria um mundo interessante e volátil,

imprevisível o bastante para fazer o homem

mudar sua rota e o destino de uma nação

se não fosse esse agente químico,

ainda não reproduzido em laboratório.

Toda revolução foi baseada no amor bom,

o que tira pedras do lugar, inventa religiões,

coloca um homem bom na cruz para que ele

revele o quão bom é o amor para os que praticam

o amor mau, invenções além das possibilidades

inventivas do homem, marionete à serviço

de um sentimento nascido no cérebro,

posto ali para que nascesse a história,

está sim, a serviço do amor.