BUSCA
Já não almejo a fama do ouro,
nem tornar-me pingente ou bracelete,
menos ainda motivo de morte entre garimpeiros;
ser e estar humano já não é condição e desejo,
é a busca do que há por detrás do pensamento,
equiparar ao pó e o vento o engenho humano.
As palavras ouvidas desde o berço,
queria outras como as fórmulas e teoremas,
os desenhos de Einstein ou seus delírios,
se Deus a tudo perdoa porque não me perdoo
por entender que a humanidade não tem saída,
e aqui estaremos todos, juntos e separados,
enquanto houver este mundo.
Já não almejo me tornar herói neste planeta,
nem apregoar que o homem tem conserto,
nem creio que a ética nasça com o homem;
apenas reparo que há oficinas para tudo,
menos oficinas para consertar os homens.
Almejo, sim, derrubar as fronteiras
entre razão e loucura, descobrir porque
o silêncio dorme abraçado à palavra,
de que ventre a poesia nasce,
como é o seu rosto,
se parecido com o meu.