TU
Teus pés, lindos tanto, que nem leopardos
obesos que lambem os pés os tem mais belos,
pés que conhecem os caminhos como dardos,
quando vistos, deslumbrantes fora dos chinelos...
Pernas jamais vistas, nem no reino das odaliscas,
que léguas caminham nas estradas da imaginação,
juntas ou separadas, que se esfregam, triscam
retinas ensandecidas, movem o barco do coração...
Teu colo, repouso de pérolas, ânfora perfumada,
guarda segredos de quem ali descansou da lida,
quem de ti se aproximou viu em teu colo a pátria
do desejo, o princípio e o fim de uma doce vida...
Tu és, além do que poderia a poesia descrever,
o mar de mergulhos, a enseada de beijos sutis,
o fim da solidão que reinou até morrer,
a morada do amor que assim bem quis...