QUANTAS VEZES

Quantas vezes eu lhe disse

que o amor é alegre e a paixão é triste,

que amar é estar em paz, além das guerras,

o amor fugaz, possessivo, a loucura leva?

Conte nos dedos os amores que estampam selos,

os amores que terminaram como contos de fada;

amar é mais que prazer, é cuidar, zeloso zelo,

não a mortal luta entre o peito e a espada...

Quantas vezes citei poetas febris e apaixonados,

que frequentavam tabernas esfumaçadas,

lapidando versos ímpios, esculpidos em pecados,

barcos aquosos em lágrimas frias e geladas...

A palavra lançada ao vento não encontra resposta,

como um vulto some na bruma aquele que ama,

seu andar é triste, o peso do mundo às costas,

farol que se desmonta, chega ao fim sua chama...

Quantas vezes eu lhe disse que a paixão ri,

que muitos sorrisos o amor a ti envia,

basta que saiba ler os versos que estão em ti

e saberás que o amor é irmão da poesia...