Sombra
Sempre andamos pelas mesmas estradas
e somos tão calados, tão sozinho
que sentimos pouco não falar um com outro.
Você é meu corpo por inteiro,
e eu sou seu corpo traiçoeiro;
não me toca mais, não me fala nada,
mas me vê, me ouve;
você sempre me acompanha
nas claras noites de luar,
alguns dias anda comigo na rua
eu vestido, você nua.
No breu da escuridão
me deixa na solidão,
sempre repetes o que faço,
nunca o que digo.
Olha como eu sou você,
na minha vida vou procurar defender,
no escuro não sabemos viver,
nem somos capazes
de nos conhecer,
somos apenas sombras do nosso destino.