Cantata a dois


No lusco-fusco da noite
No canto do quarto
Ensaiamos a canção do desejo.
Na canção do desejo
Trinamos a ária do prazer
E, na área do prazer nos perdemos
Entoando a canção da entrega
Em falsetes sincronizados.
E, nesta entrega total, sussurramos
Os acordes do amor eterno
Fruindo de um cantar a dois
Desde o dilúculo do amor
Até ao derradeiro lusco-fusco
Da nossa vida a dois.
Só não entoamos juntos a canção da morte…
                                                          A vida não deixou.
Houve, apenas, o estrelejar de lágrimas
E canções de soluços incontidos.



 
Lucibei@poems
Lúcia Ribeiro
In “Muita Poesia e Pouca Prosa

 

 
Lucibei
Enviado por Lucibei em 21/10/2020
Reeditado em 21/10/2020
Código do texto: T7093153
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