Cantata a dois
No lusco-fusco da noite
No canto do quarto
Ensaiamos a canção do desejo.
Na canção do desejo
Trinamos a ária do prazer
E, na área do prazer nos perdemos
Entoando a canção da entrega
Em falsetes sincronizados.
E, nesta entrega total, sussurramos
Os acordes do amor eterno
Fruindo de um cantar a dois
Desde o dilúculo do amor
Até ao derradeiro lusco-fusco
Da nossa vida a dois.
Só não entoamos juntos a canção da morte…
A vida não deixou.
Houve, apenas, o estrelejar de lágrimas
E canções de soluços incontidos.
Lucibei@poems
Lúcia Ribeiro
In “Muita Poesia e Pouca Prosa”