SANGRIA.
Tu podes olhar em meus olhos foscos,
vir a te perder em meu riso fingido,
vir a te espantar mais uma vez com a minha morbidez.
Podes perceber que em mim não há resquícios de vida,
vir a te admirar com a minha apatia,
vir a te amedrontar com a minha frigidez.
Mas se, por compadecimento, me sorrires,
olhares para o que é meu, intrínseco,
e quiseres beijar o meu vazio por sentir que precisas, não hesites.
Por mais que eu jamais te mostre,
recordes que me foste o primeiro benevolente, e que,
se tu me cortares, eu te sangrarei.