Noturnidades

Eu tenho um apreço pela noite.

Gosto da calmaria que sucede o dia.

A noite nos dá o direito de não pensar.

Apesar do direito, cometemos o pecado.

Não por precisão.

Por esporte.

Eu gosto da noite,

Porque é nela que temos tempo

Para sonhar

Para ser

E para não ser.

Libertamo-nos dos papéis que precisamos sustentar durante o dia.

Eu gosto da noite,

Nela eu conto

E coleciono estrelas.

Faço de conta que a imensidão do céu é toda minha.

E fico ali olhando admirada como quem não tem nada e num instante tem tudo.

Eu gosto da noite,

É nela que costumeiramente a inspiração me faz visita.

Que meu corpo anda livre pela casa.

Que o silêncio me abraça, silêncio externo, digo.

E que imagino...

Corpos se fundindo.

Mentes barulhentas aturdindo.

Mundos novos, possíveis e reais.

Eu gosto da noite,

e de suas noturnidades.

Tudo parece tão mais possível quando anoitece...

Mariany Mendes
Enviado por Mariany Mendes em 20/10/2020
Reeditado em 20/10/2020
Código do texto: T7091908
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