Bolsoni

(Para Robson Bolsoni)

O ontem não sabe.

Mas o que me cabe

dizer do menino bonito

é o estranho conflito

que suas lentes confessam.

Se as noites cessam

as paixões em desfile,

sempre há quem destile

seu olhar de narciso...

ou seu cabelo impreciso.

Num foco fechado,

traz seu “eu” tatuado

como círculos em pele...

para que nunca se revele.

Sua angústia é contida

num dos cantos da vida.

E quando se apresenta

em cyano ou magenta,

ele logo despista e some.

Se um flash que lhe consome,

a troco de vida em ação,

ele corre sem direção.

Mas as vezes...

as vezes não!