NOUTRO PLANETA...
À sombra da noite, a madrugada escura se completa
Repleta de estrelas como ilhas em um mar misterioso
Num gozo se lança ao voo; e voa, voa, ditoso,
Assim numa jornada sem fim, duas asas, o poeta...
E leva o poeta pela imensidão discreta, a mente
Estende a outra asa, o coração que sente, e vai
Passando atrás da lua escura onde a paz o abstrai
Transforma-se num pássaro definitivamente...
E segue além do bem e do mal que desfazem o seu pensar
Palavras já não são mais importantes, necessárias, certas
E um vazio gravitacional lhe deixa as portas abertas
Ele morre para o mundo e renasce para amar em outro lugar...
Ali é o planeta do poeta, longe da tristeza e da alegria, o desafia
A escrever o que quiser, o que bem entende, o que mal conhece
E se permite ser ateu, agnóstico, niilista, ou crente numa fé em prece
Agradece a blasfêmia, com a alma leve pousa no planeta poesia...
Mas nasce outro dia, e volta o pássaro; nas asas seu escrito
Transforma-se em gente novamente e se mistura a multidão
Com as duas asas recolhidas, mente e coração, nada em vão
E nada novamente entre tristes e alegres dias sem conflito...
Sabendo que seu pássaro voa a qualquer hora para o infinito!...
Olhando a imensidão, a mente, do poleiro do seu coração!...
Autor: André Luiz Pinheiro
20/10/2020