Condenada ou liberta?
As estações mórbidas
De meus anseios
Perduram o ano inteiro
Desde que nasci.
As que mal-me-quiseram
Flores, todas, assim
Mutiladas, estranhas
Incompletas e descoloridas eram.
E os riachos tristes
Onde peixes choram
Pudera casa minha ser
Ou morada do inconsciente
O lar que nunca deixei imanente.
Os dias passam-se cinzas
Céu, tão pálido e febril
Manhãs que melancolia à noite emprestam.
É o meio dia
Querer arrastar-me em luz
Qual corpo suportaria
Ser algo como o sol reluz?
No silêncio das estrelas solitárias
No encalço dos sofrimentos divinizados
Na estéril viuvez das tardes inacabadas
Que morrem lentamente
Como pó ficam nos pés
Ao meu pranto que é calado
Sentido, detrido e alado
Alça os véus e os rasga de cima à baixo
Meu cortejo embelezado.
Bonita é a sensação
De que me falta pouco
Nunca nada
Triste é o sentido
Traspassado de amigo
A implorar lugar
Nas composições
De uma leiga
Que olha a translação, e sente em importar.
Minha manta voou, meus cabelos também
Ficou-se um corpo nu,
E imergiu no riacho encantado
Um oásis no triste deserto da vida.