Condenada ou liberta?

As estações mórbidas

De meus anseios

Perduram o ano inteiro

Desde que nasci.

As que mal-me-quiseram

Flores, todas, assim

Mutiladas, estranhas

Incompletas e descoloridas eram.

E os riachos tristes

Onde peixes choram

Pudera casa minha ser

Ou morada do inconsciente

O lar que nunca deixei imanente.

Os dias passam-se cinzas

Céu, tão pálido e febril

Manhãs que melancolia à noite emprestam.

É o meio dia

Querer arrastar-me em luz

Qual corpo suportaria

Ser algo como o sol reluz?

No silêncio das estrelas solitárias

No encalço dos sofrimentos divinizados

Na estéril viuvez das tardes inacabadas

Que morrem lentamente

Como pó ficam nos pés

Ao meu pranto que é calado

Sentido, detrido e alado

Alça os véus e os rasga de cima à baixo

Meu cortejo embelezado.

Bonita é a sensação

De que me falta pouco

Nunca nada

Triste é o sentido

Traspassado de amigo

A implorar lugar

Nas composições

De uma leiga

Que olha a translação, e sente em importar.

Minha manta voou, meus cabelos também

Ficou-se um corpo nu,

E imergiu no riacho encantado

Um oásis no triste deserto da vida.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 19/10/2020
Reeditado em 25/11/2023
Código do texto: T7091405
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