Blues Verde e Rosa

"Deixe-me ir, preciso andar

Vou por aí a procurar.

Rir pra não chorar"

Cartola

Essa linha vem chegando triste,

tão triste que poderia abraçar

todo o negro da noite, chorar

e ainda assim permanecer bela

como um cisne que curva o pescoço

na negra noite ao luar,

mas não quero rica metáfora

nem semântica erudita

nem figura de linguagem

pra refletir bela imagem

nessa água turva.

Pedras são Pedras.

Gostaria só de ter

a simplicidade de um verso

um violão

e um amanhecer verde e rosa,

mas quem sou eu

minhas rosas nada exalam

teu perfume fugiu do meu jardim.

Não adianta pena de pavão

toda cor do mundo,

enredo, sedução

então,essa linha que construo agora

não é cool, não é bacana

não tem lirismo certo

nenhuma música por perto.

é dura como noite de inverno

sem calor pra aconchegar.

no imenso leito você se aninha

mas sempre sobra espaço

o corpo encolhe, o quarto esfria

um gato mia

e o cio da noite só aumenta.

Me levanto, me visto

preciso andar.

na madrugada

uma tigreza amarrotada

percorre a selva de alamedas

...pensando

Eu só queria ter

a simplicidade de um verso

um violão

e um amanhecer verde e rosa

mas quem sou eu...

então, tiro a cartola para o mestre

quando só resta dizer :

"Deixe-me ir, preciso andar

...se alguém por mim perguntar

diga que eu só vou voltar

quando eu me encontrar"

Ana Valéria Sessa
Enviado por Ana Valéria Sessa em 13/11/2005
Reeditado em 10/01/2007
Código do texto: T70901
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