Para mim
Hoje eu escrevo por mim. Vez ou outra, solto um verso em nome de outro, mas em essência, é para mim que escrevo.
Tentei escrever por outros, buscando agradar uma platéia imaginária.
E foi quando percebi que de plateia, a multidão que eu pensara me ouvir não tinha nada.
A multidão sequer nos percebe. Estão sempre apressados, andando pelas ruas, de um lado para o outro.
E o bobos da corte, com suas poesias nas calçadas, fazem acrobacias para ganhar alguns trocados.
Mas no fim acabam tornando-se enfeites na vitrine de uma loja em decadência.
E é por isso, meus amigos, que eu escrevo para mim mesmo. Pois assim, só espero de mim próprio um aplauso. Que não vem da beleza do meu verso, mas da intensidade do meu pensamento
Álvaro De Azevedo