Gueixa

Em ângulos retos mudam a direção

Muito desamor no coração desta gente

Mirava o céu, cabisbaixo olho o chão

Falta coragem para olhar à minha frente

Na inércia do caminho que imaginava uma melhora,

Minha mente segue em delírios do coração

Se nega acompanhar para aonde o corpo vai agora

Prefere sonhar com uma revolução

Mas como? Com todos tão apáticos

À dor do absurdo, parece que nos acostumamos

E muitos me olham pragmáticos

“Agradeça que ainda respiramos”

E a rebeldia do meu coração se entristece

Pela minha impotência diante dos fatos

A mentira distorcendo o que acontece

Faz tempo que a verdade sofre maus tratos

Pelos menos em ritmada dança

Que vai se desnudando enquanto desce

Puxo aqui e ali como criança

Curioso para ver o que aparece

E sai mais uma poesia, pobre coitada

Fazendo o nobre papel de minha gueixa

Segue, guerreira, sua empreitada

Ouvindo, paciente, minhas queixas.