SEM

A chave é me descobrir bem sem o visgo

e sem aqueles falsos ânimos do seu feitiço.

Você quer tudo mais e até o último resquício

dos tempos que existam e todo o mel da saliva

que deixa a boca seca da sua nota amanhecida.

E mesmo que eu chacoalhe esta tarde cinza,

parecida com uma metade inquieta do infinito

e que eu contorça a cabeça e beba um pingo

do óleo diesel da avenida ou que eu admita

o seu lado superincrível (mas é uma bandida

má e sem alma que ama de maneira invertida),

eu não mandarei mensagem. Não darei pistas.

Não ligarei, mas sinto uma saudade com poesia

da primeira coisa que você provoca: a euforia

ilógica que faz me sentir o que eu não sentiria.