Doente de amor, procurei remédio na vida noturna...

Ele sentia dores no peito

Deram-lhe remédios ouvidos adentro

Não, não faça isso.

Mas ele não escutava, havia algo que gritava mais alto. Lá dentro. Loucura?

Berros enlouquecedores vindos de um precipício interno cheio de sentimentos

Desceram-lhe altas doses de tapa na cara

Mas ele não se curava

Seja por coragem ou rebeldia

Tentou então fazer aquilo que queria. E danou-se!

Mas não se arrependeu, se não tivesse tentado

Jamais saberia.

Socou um sorriso na cara e foi atrás de outra coisa. Que não era bem o mais indicado

Mas naquele momento era o que mais lhe apetecia

Ele ficou muito bom nisso, em gangorrar a vida

Aprendendo algo entre os tropeços,

Realmente ele ficou ótimo, com retomadas

Reviravoltas e recomeços.

Sentou-se num boteco, daques raiz...Pediu uma cerveja e mais outra... E mais outra... A bebida daquele lugar, naquela noite seria pouca

Cantou junto com um músico bêbado sambas antigos

Alcione, Ivone Lara, aumentou a voz e sentiu-se rasgar

Como se tivesse levado um tiro à queima-roupa

Já era tarde e pra fechar boate azul, até a voz ficar rouca.

Poderia não ser o melhor remédio, mas lhe garantia.

O rápido efeito no corpo e no coração, do álcool: a anestesia.

Inspirou-se... Graças a Deus!

Levava no bolso por precaução um bloco de notas

A aguçada intuição de poeta já sabia

Que o que não vira amor, há de virar algo tão bonito quanto.

Sempre há de virar poesia...

É não é disso que os poetas vivem?

Da dor do amor, da alegria, do sofrimento,

do encantamento à tristeza, da melancolia,

Do fundo do poço à superfície, da malandragem

O riso fácil e da esperança de que o amanhã será diferente,

porque é e sempre será um novo dia.

Um Eu Lírico Bêbado
Enviado por Um Eu Lírico Bêbado em 17/10/2020
Código do texto: T7089568
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