TARDE MORNA, BAFO QUENTE

… bafo quente subindo

em meus olhos

(é bom, e me da sono…)

É minha respiração.

… mostrando que eu EXISTO.

O calor incomoda menos

do que nos outros anos.

Será que ele está mais brando?

… talvez EU esteja mais brando.

E com bem mais

preguiça

de ficar reclamando.

Gritos, propagandas… coisas.

moças e donas feias,

gritando o que nem é bronca

nem é guerra, na verdade são só

“conversações…”.

e as telhas de casa parecem

ter voado pra algum lugar…

o pedreiro remove algumas…

ele conserta, ele ajeita, ele revive.

E quando as telhas flutuam

como passarinhos pra onde? não sei!

Finalmente, ali no corredor

eu posso

ver o céu azul.

Apesar de preferir

o cinza

e as noites de chuva.

… amo ter ciência

de que o azul existe.

(… é como amor dos casais)

E ainda há o VERDE com

tronco marrom, seres em extinção

… um dia desses quase cai

na cabeça de um inútil qualquer.

Arrancaram o galho, velho galho,

velho sábio de velhas

guerras terríveis

que pensam ser

só batalhas ou só políticas

ou somente, mais uma vez…

nunca e pra sempre…

“conversações”.

nenhuma cabeça

por aqui, vale a vida

dum galho de árvore.