Os Ruídos do Silêncio

Até mesmo a saudade

Já arruma as malas para ir embora...

Inabalável, fica o desejo que, na verdade,

É o que, por aquele corpo, ainda implora.

E ecoa o incômodo silêncio,

Este inequívoco clamor

Da voz amarga do desamor,

Que é retumbante na razão,

Mas inaudível ao surdo coração...

Para o ensombrecer da esperança

Nas orlas de meu ser desabitado, avança,

De repente, frio e intempestivo,

O meu silêncio ainda mais vivo.

E, assim, o grito do abandono lento,

Que estalou na voz do vento,

Já rasgou o ventre da minha anunciada solidão...

Mas, não ouço mais o ruído do silencioso tormento

Que era continuar a te amar em vão!...

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Antonio Maria Santiago Cabral

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Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 16/10/2020
Código do texto: T7088930
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