Despedidas
Costumo fugir das despedidas.
Elas sempre me assustaram.
Em minha esquisitice, faço-me de forte
no penúltimo dia.
E naquele que seria o último,
desapareço para chorar sozinho.
Mas também evito a despedida como
forma de forjar a continuidade do incontinuável.
A não despedida me dá a ilusão
de que aquele convívio, aquele gosto da presença
se repetirão no dia seguinte.
Preciso dessa ilusão por um bom tempo
até que, como dizia o Drummond,
a ausência seja assimilada
e se torne um estar-em-mim.