A CRUCIFICAÇÃO DE DEUS

Rubro, o céu estende o tapete,

e Deus, verdade inconteste,

desce escrevendo um bilhete,

o fim das tormentas, da peste...

A humanidade, cansada por tanta espera,

olhou de viés aquele ser imenso, barbudo,

cada um armado, olhos injetados, ar de fera,

achavam estarem protegidos por escudos...

Deus, andando pela rua como você e eu,

sabia da descrença, do mal que corrói a alma,

lançou suas palavras sobre gentios e judeus,

estendendo a mão sugeriu paz e calma...

Alguém gritou: enforquem-no ou a Barrabás!

A multidão avançava e Deus, um pouco assustado,

recuou com os anjos, deu dois passos para trás,

ouviu a voz: melhor é ser crucificado!

Deus, com a cruz às costas,

ofego, não encontrava resposta

para tal nível de fúria e agressão,

só a dor lhe dizia, deixando a mostra,

a ferida imensa em seu amoroso coração...

Levaram-no ao alto, o puseram na cruz,

clamou, pediu, o céu se fechou,

eles não sabem o que fazem,

disse-lhe suavemente Jesus,

o único filho que tanto amou...