Sonata no meio da tarde...
Teço, artimanhas repletas de sentires
Nesse universo de versos, a alma não reclama
Alguns pingos acertam a vidraça e a poesia não disfarça
Andou recolhida, mórbida ante a partida
Quer sair, ainda anda um pouco sem graça
A trama continua, aspiro cheiro de terra molhada
Olho lá fora, a tarde vestiu-se de cinza
Abro a janela e uma brisa adentra a morada
Faz-me uma carícia, feliz a recebo, era desejada
Estremeço... Um pensamento desce a escada
Retorno, refaço o caminho, nada é permanente, tudo passa...
Ontem na tarde amarela, minha alma escorria
A tarde ardia e a alma gelava...
Ao longe uma melodia me chama, esqueci que ouvia
Beethoven... Moonlight Sonata...