ENSAIO
ENSAIO
Ensaia-se a peça
Sem enredo definido
A trama segue kafkaniana
Desimportante de alucinação
Desesperante de materialidade
E fenômeno raro
Sequioso de protagonismo
Avança incólume na surdina
Emponderado e imponderável
Deixando janelas cegas
Calçadas vazias
Mas mesmo assim sujas
De sinistralidade
E a causa segue
Mórbida e sombria
A tudo paralisando
Até a poesia que surge
Introspectiva sem preciosismos
Sem rimas sem prazeres
Vulgar e vazia de humanidade
Essa sim, escondida
Em quatro paredes
Telhado de vidro
Sem doravante
Inquieta numa ânsia
De aurora liberta
De porta aberta
Respirando ares desmascarados