Tudo é proibido e tão maravilhoso

Enquanto os mortos se enterram sozinhos

Vivemos surdos a ilusão de futuro

Na lama seca da vida que passa

Somos a farsa mais real cotidiana

Na branda e esparsa brisa

A camiseta molhada e suja

A lágrima colada na pele

Na tatuagem suposta da alma

Na concretude amiúde mundana

A rota imagem sagrada inflama

No fruto proibido que comemos

No cálice sofrido que bebemos

O fogo que corta a saúde

Abrindo rios vermelhos

O vento beija os meus cabelos

Arranhando de saudade a calamidade dos dias

Frustrando as alegrias

De quem é feliz nos intervalos

Nos interditos das valas

Entre lenços e acenos

Os obscenos nos muros

Tudo é tão proibido quanto lícito

Não se pode, porém, perder tempo

Na maré ...na maré ...na maré

Até breve!

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 14/10/2020
Reeditado em 15/04/2021
Código do texto: T7087127
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