Tudo é proibido e tão maravilhoso
Enquanto os mortos se enterram sozinhos
Vivemos surdos a ilusão de futuro
Na lama seca da vida que passa
Somos a farsa mais real cotidiana
Na branda e esparsa brisa
A camiseta molhada e suja
A lágrima colada na pele
Na tatuagem suposta da alma
Na concretude amiúde mundana
A rota imagem sagrada inflama
No fruto proibido que comemos
No cálice sofrido que bebemos
O fogo que corta a saúde
Abrindo rios vermelhos
O vento beija os meus cabelos
Arranhando de saudade a calamidade dos dias
Frustrando as alegrias
De quem é feliz nos intervalos
Nos interditos das valas
Entre lenços e acenos
Os obscenos nos muros
Tudo é tão proibido quanto lícito
Não se pode, porém, perder tempo
Na maré ...na maré ...na maré
Até breve!