Imperpetuidade

Nada se é senão o tempo

O senhor eterno dos dias

Se alongada for a companhia

Se desgasta tanto como a cera

Quando o tudo assim durar pouco

No instante entre a noite e a madrugada

Como passos descendo a escada

Na despedida que mostra o frágil fim

Quando finda o hoje na poeira

Se perde a lembrança lentamente

Como o sol que nasce de repente

Entre as nuvens de um chuvoso dia

Quando no sonho arde a saudade

É a força do tempo mostrando a farsa

O tempo desgasta a lâmina que fura

Desvirgina também toda brancura

Na palidez da vida arrebatada

Tudo é o nada, pois nada dura

Na imensidão opaca da perpetuidade

E o tempo que destrói também é a causa da cura

Assim segue o tempo como lava fria

Desgastando a si como se fosse o nada

Genival Silva
Enviado por Genival Silva em 13/10/2020
Reeditado em 13/10/2020
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