Imperpetuidade
Nada se é senão o tempo
O senhor eterno dos dias
Se alongada for a companhia
Se desgasta tanto como a cera
Quando o tudo assim durar pouco
No instante entre a noite e a madrugada
Como passos descendo a escada
Na despedida que mostra o frágil fim
Quando finda o hoje na poeira
Se perde a lembrança lentamente
Como o sol que nasce de repente
Entre as nuvens de um chuvoso dia
Quando no sonho arde a saudade
É a força do tempo mostrando a farsa
O tempo desgasta a lâmina que fura
Desvirgina também toda brancura
Na palidez da vida arrebatada
Tudo é o nada, pois nada dura
Na imensidão opaca da perpetuidade
E o tempo que destrói também é a causa da cura
Assim segue o tempo como lava fria
Desgastando a si como se fosse o nada