reprise

um brinde

rasguemos os papeis

e nadamos no espaço

infinito, aprendamos

a relaxar nas águas do além

dói saber-me mais só

depois que a flor mais alegre

se foi pra outra esfera,

poderia cantar para as dores

espantar, mas as dores são

persistentes, dói corretamente

no que ela é, dor, uma energia

alucinante com pouco espaço para

se mover, dor de encarceramento

que se torna veneno conforme

o tempo lhe prenda nas veias do coração.

bar e outras estripulias não me tocam

a vontade, estar parado é como

estar sem o lado de fora, só

a lancinante agudeza de uma vida

que não se perdoa. sei que

em algum momento, isso foi

campo aberto, vento suave

sobre os telhados, sol em estado

de clareza, quente, feliz como

o estado que buscamos, um brinde

aos tempos idos, aos amores que se foram,

um brinde a todo coração despedaçado,