KAMADEVA
Desde os sons mais incultos da natureza,
até a iluminação no leito de morte,
carrega aquele que caminha sobre a terra,
a chaga oculta que alimenta a guerra e a paz.
Um asco por tudo que obriga a travessia
de um oceano ou infinitas linhas do tempo.
Esse desprazer em sentir incompletude,
esse vômito estacionado no meio da garganta,
é a culpa pelo equívoco do que é belo,
e a crítica da razão em meio a porcos.
Ainda assim, é essa farpa sob a pele
o ocaso que perpetua toda semente.
As vezes mais nobre, como flor intocada,
à vezes traiçoeira, como a leitura de minhas palavras.
Até que não se ouça mais nada,
até que ao longe não se ouça mais a invocação marcial,
nem as crianças corrompidas ouçam histórias mágicas,
ainda haverá o arqueiro feito da ira de Deus,
plantando nos peitos o amargo dos homens incultos,
revirando a natureza em busca da inexistência.