Que Viva a Amizade

Que Viva a Amizade

Desvencilhar-se desse enlevo

Como seria possível,

Se detrás de tantos permeios

Formou-se uma amizade incrível?

Se no farfalhar descontraído, inocente.

E das emoções fortes com lisura

Criou-se algo como uma fornalha

Um cinzel ferindo uma escultura

Pois uma nova história ficou escrita.

De aves, primaveras, pés de ipês

Mas o cinzel que ferira a escultura

Faz o poeta agora, com sangue escrever

Mesmo porque antes, no versejar sem estanque

Onde todo o real era desprezado

E todo verso consciente esquecido

Na ânsia de viver um amor inventado

Foi que das procelas rebentando no peito

E do bramido do mar revolto de verdade

Fez-se verdade que entre homem e mulher,

Pode não haver amor ou paixão

Mas que se deixe viver a amizade...