BURGUÊS

Acaso deseja assassinar aos teus,

com o insuportável virtuosismo

de viver a vida média entre lamentos?

Quando é o fim e todos se dão conta,

há tanta mágoa e pouca beleza sobre a mesa,

que até aos cães é insuportável a persistência.

O relógio massacra a fidelidade dos porta-retratos,

escorrendo-se sobre móveis antiquados,

dizendo: aqui é a casa do desgosto e dos segredos.

Venenos para as horas de menor euforia,

são cocaína e a falsidade das palavras invertidas.

Segue-se a vida.

Há um sem número de cadáveres já esquecidos,

desde quando aprendeu-se que matar o sonho salva,

porque viver é um ato que embrulha o estômago,

e ser quase nada é a perfeição de se existir, pequeno.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 10/10/2020
Código do texto: T7084353
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.