BURGUÊS
Acaso deseja assassinar aos teus,
com o insuportável virtuosismo
de viver a vida média entre lamentos?
Quando é o fim e todos se dão conta,
há tanta mágoa e pouca beleza sobre a mesa,
que até aos cães é insuportável a persistência.
O relógio massacra a fidelidade dos porta-retratos,
escorrendo-se sobre móveis antiquados,
dizendo: aqui é a casa do desgosto e dos segredos.
Venenos para as horas de menor euforia,
são cocaína e a falsidade das palavras invertidas.
Segue-se a vida.
Há um sem número de cadáveres já esquecidos,
desde quando aprendeu-se que matar o sonho salva,
porque viver é um ato que embrulha o estômago,
e ser quase nada é a perfeição de se existir, pequeno.