P R E C I O S I D A D E S (233)
S O N E T O
Um turbilhão de vozes em meu peito clama
insensível às minhas súplicas e meus pesares,
são vozes funéreas, sopros de uma chama
dos que passaram por mim em tempos milenares.
Sinto em mim estranhas presenças em hora
de sossego e calma ou aflita solidão,
são outros seres que regressam agora,
são outros homens aflitos de transformação.
E nesse momento em que me apavoro de solidão,
já não sei sentir com meus próprios anseios,
são mil vontades gritando na escuridão.
São vozes tantas clamando em meu ser,
que eu fico mudo, parado, sem ter meios
de saber quantos vivem em meu viver.