Entre o Complexo e o Comum
o que acontece com histórias que eu não conto
e viram diálogos em meio às noites sem sono?
são mais reais do que minha própria existência
que não escrevo, mas existem em outros planos
ouvir essas vozes é um dom ou é um tormento?
e os relatos que me sussurram ao pé do ouvido
que quando escuto, acabam com o meu sossego
mas me completam enquanto os carrego comigo
mas quem seria se eu fosse um ser sem elas,
encontraria paz no silêncio então conhecido?
ou sentiria falta de algo que eu nunca escutei?
ansiando saber algo que não saberia, mas que sei
 
enquanto emperro, receio não estar fazendo o certo
e quando escrevo, minha mente cede e desmorona
os meus opostos não se atraem, mas se completam
até gosto da quietude, mas pra mim ela não funciona
eu até ensaio seguir a estrada sem turbulência
usando paradoxos para marcar os meus caminhos
mas se assim fosse, eu iria contra minha natureza
de ser viajante e, ao mesmo tempo, os passarinhos
as perguntas me cansam bem mais que as verdades
mas quem disse mesmo que eu poderia viver sem?
sem as questões, não teria durado até a metade
de caminhos que não acabam, mas por onde já passei
até confesso o medo de sempre ser insuficiente
e não fazer tudo que eu acreditei que poderia
ou sendo outras não sentir o que elas sentem
e mesmo com rimas, não fazer nascer poesia
sendo o contrário do que já fui e ainda serei
encontro abrigo estando em lugar nenhum
as possibilidades me ensinam o que eu sei
na linha tênue entre o complexo e o comum.