O MELHOR POEMA DO UNIVERSO
O amor é um Deus que eu deixei de acreditar...
O teu coração, uma igreja que já não mais frequento
Pois suplicar os teus beijos tornou-se o meu tormento
e sofrer o meu mísero talento
Estou um descrente no amor
Já não mais evangelizo corações apaixonados com os meus poemas
Prego nos meus versos o apocalipse dos relacionamentos
O teu nome meu amor
O teu nome confunde-se com o nome de Satanás
E cada lembrança, em cada sonho, tua presença confunde-se com uma profecia do fim dos tempos
E desta forma os meus dias se vão escasseando...
Sigmund Freud já não mais vive para reajustar o meu psique que os sentimentos que tenho por ti danificou...
Lombroso seria incapaz de me descrever porque tu me desconfiguraste
Minha crença agora é a morte
Caminho pelo alcatrão que me pode dar o tabaco
Sentado na tabacaria do Fernando Pessoa penso em escrever a maldita carta que Mário de Sá Carneiro escreveu antes de se suicidar
Para depois me suicidar de álcool numa dessas barracas onde vários poetas e desempregados vão afogar-se em copos de bebida
Apontar o mundo com o dedo do meio e dizer bem alto, a vista minha partida
Como os navegadores gritavam quando no meio do mar avistavam a terra.
A muito que já morri,
o que vocês vêem perambular
é um cadáver aparentemente com vida.