Fala Brasília

Fala Brasília,

fala para Marise, Regina, Maria,

fala do que te impede,

bota alegria neste Planalto Central,

grita no silencio da noite,

entre quadras, quadradinho, quadrilhas

Fala Brasília,

dos teus sonhos de criança,

das alegrias desconcertantes e multiplicadas

ao longo de sua vida,

dos pobres meninos e meninas que brincam

nos verdes da Esplanada dos Ministérios.

do teatro nacional.

da Legião, Plebe, Capital.

Fala Brasília,

da rodoviária, onde ônibus lotados

saem em busca de utopias insanas,

de Niemayer, Lucio Costa e dos candangos

escravizados por uma ideologia desarrazoado.

Fala e faz Brasília,

do teu mundo mais brilho,

dos artistas fardados, censurados

a te embalar em vão,

dos artistas populares

a te interpretar sem vocação,

dos pixotes abandonados nos

setores comerciais da vida,

nas lanchonetes sem cultura artesanal.

Fala Brasília,

das satélites, asa sul, asa norte,

asa leste, asa oeste,

minhocão, Unb, repressão,

fala e conta que Brasília não é nenhuma

cidadezinha do universo nordeste,

fala sempre em tom de grande idealizador,

busca sua identidade, seu espaço

nas Igrejinhas construídas no sentimento

e na visão de um futuro que não sabemos

se chegara para nós.

Fala Brasília,

não se cala,

se preciso for se rebela

grita mais alto que os sonhos

perseguidos por ti.