Gota e rio
Não tenho olhos
Para outros olhos.
Se não forem os teus,
Grudados nos meus,
Não quero sentir!
Não quero sentir!
E não quero sem ti
Passar a minha vida,
Que se dirá vidinha,
Preenchendo o lugar
Que eu queria que fosse seu
Com pessoas erradas
Com cartas marcadas.
Mas o que tem as cartas,
E os seus papéis marcados,
A ver com sentimentos?
Tudo.
Mas que bem mais que um montanha
Que não se pode escalar
É o distante entendimento
De tudo o que se passa perto,
tão perto que não vemos.
Tão perto que só sentimos.
Perto a nos fazer bem
Ou mal.
Mas o que posso eu dizer?
De meus próprios sentimentos?
Se o que sinto é um rio
E o que sei disso tudo uma gota.