HOLOGRAMA AO MEIO FIO

Não de improviso

Verso pela contramão.

Quando o fluxo é de partida

Sou só a chegada urgida,

E vice-versa.

Verso no anverso do tempo

Na metafísica dos eventos,

Nos acessos aos labirintos

Na ânsia duma via de saída.

A de cavar fluxo

Às tantas vidas de vias obstruídas.

Estou sem máscara: e pago com pesadelos pelo feito.

Nunca nos foi permitido não usar máscaras!

Sigo em silêncio observacional.

De longe...pressinto e vejo todo o mal.

Todavia nunca grito...encaro até o fim

Já que nenhuma palavra foge de mim.

Agora, algo de improviso compulsório

Solto a sensação ao nada

Qual ao todo destino incerto,

Ao escrito que nunca nos foi lido,

Nem contado.

Ao derredor,

Dispenso toda a hipocrisia dos verbos e

Rio da vaidade patética tão moribunda de virtude.

Nenhuma das duas aprendeu nada!

E seguem na feliz ignorância por nada saber.

Ah, sim: Desconfio da bondade gratuita

Disfarçada de dádivas insolentes,

E insolventes!

Essa que ronda os horrores das gentes.

Entendiam-me os comandos!

Enojam-me os martelos.

Quero escolher a cor, a flor e a dor

Embora saiba que tudo já me foi escolhido.

Onde houver rima obrigatória

Verso a liberdade ao verso branco

Por direito líquido e incerto.

Esse é o meu mais perene verso!

Rasgo os algoritmos e os títulos.

Em meio ao tudo...de nada servem.

Apodrecem como o todo.

Não quero evidências e nem clemências!

São muitas as demências

A ser resolvidas de imediato.

O tudo está mais que claro

E, de certa forma, no seu devido lugar caótico.

Em meio a tantos "ismos"

Eu versejo em dadaísmo.

Como se um artista da plástica circunstancial

Restauro em versos a argila existencial.

Chega!

Chega de currículos apáticos...

E de diagnósticos sem tratamentos.

Eu quero sanar ao menos o momento!

Não quero mais ensaios e nem teses

Nem conclusões,

Dispenso palmas e quaisquer reverências.

Projeto:

Quero apenas me mesclar ao barro da existência

Na levitação diluída duma tênue luz etérea.

Qual um holograma humano projetado ao meio fio

Dentre tantos ...a esmo...

Dum horizonte alienado e furtado.

E sem nenhuma pressa de voltar.