(a alma do tempo)
a alma do tempo traz
o veludo das margens
nos olhos quintais
traz nos pés intrincados espelhos
sinais trocados nas mãos
que modelam segredos
e nas bocas famintas
serpentes fatais
traz o eco de uma manhã rechã
soletrado em berro breve
revelando a frágil estrutura pagã
traz as tardes no começo
e as noites preguiçosas da linha do equador
fugindo do caos cotidiano
digo com encantamento e amor:
'é preciso tocar a vida
como quem toca as estrelas'