MORADA

Te deixei morar em mim

Amei suas tempestades

Cultivei sua chuva

Me fiz morada

Pra curar a sua dor

Matei minhas forças

Trazendo luz pra sua presença.

Mas você escolheu ser ausência

E mesmo com toda a sua carência

Você negou forças

Saciando suas vontades

Noutras casas sem reciprocidade

Seus atos fizeram o seu destino.

Meu desejo por ti

Me companhou

Por um tempo

Mas a minha nobreza gritou alto.

Não adianta ser lar

Pra quem prefere se isolar

Não adianta ser estrela

Pra quem não deseja ser céu.

Suas nuvens pesadas

Me impediam de brilhar

Cheguei a pensar

Que tudo pudesse

Enfim...

Mudar!

Mas não existe plenitude na ausência

Apenas um vazio

De algo que um dia existiu

E que apesar de ser notado

Não se permitiu ser tocado.

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 02/10/2020
Reeditado em 07/04/2021
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