MEU ENDEREÇO
Se eu te der meu endereço
você não vem me visitar,
o homem já não consegue andar
na direção do outro,
nem reparar nas lágrimas no rosto
de quem espera sua visita,
corredores em diferentes pistas...
Se eu te der um bilhete de afeto
sei que guardará no bolso, discreto,
a música da máquina te leva a dançar,
seus passos já imitam o esgar
dos ruídos trituradores,
teu peito feito foi para futuros amores...
Se eu postar uma poesia com dedicatória,
vai rir, de vergonha, dirá, que história...
Se eu te doar meu sangue,
considere não me ver exangue,
assuma que amar não causa danos,
essa vertigem é só para os insanos,
pessoas que vão ao encontro da vida
sabendo que o amor
é o único alimento,
a única comida...