Espiral

Do peito

dos ventos incautos

nascem cores

dos espirais de Dalí

a boca cospe

confissões arcaicas

e a dor pálida

tinge o contemporâneo

Sepulto o ego

no dorso do abismo

recolho do sangue

o agora que pulsa

entorpeço pecados

dos sonhos encarnados

debruço no seio

da tez que me aquece

Excito a cegueira

que brilha instantes

contemplo o beijo

da tez que arrisco

insulto a ira

dos átomos nobres

decolo nas asas

do amanhã incerto

Gesto o caos

dos dias ímpares

torneio a vida

que alastra laços

cubro de rimas

o veneno que faz calar

morro nas células

que fazem viver...