DIA DE HOJE

Nada de importante aconteceu no dia de hoje.

As horas tinham gosto de tédio

Nos fatos rasos de simples cotidiano.

Foi um dia banal,

Como tantos outros,

Onde a vida parecia esquecida

Em algum ponto distante

De qualquer passado

Quase feliz

que grita dentro da memória.

Meus olhos perdidos

No simulacro urbano

Sonhavam a noite

No vazio de cada instante.

A noite intensa

De um muito distante dia de Ontem.

Sabia nos números incertos do relogio

O descompasso entre o tempo e meus atos,

Entre o meu e os outros

Nas exigências do horário marcado,

Na intuição de qualquer desencontro.

Não vivi no dia hoje

Nenhuma experiência

Digna do sentimento

Do peso de uma lembrança.

Nada de importante aconteceu

Para afirmar um futuro

Que que me livre

De amanhã acordar novamente

Para um outro dia de hoje.