Índigo
A noite é uma dama,
Bela, jovem e indecifrável,
Que sua história declama,
Em um sentimento intocável.
Alguns a temem, precavidos,
Há que evite, transigente,
Mas de todos os pecados proibidos,
É a obscuridade que me encanta cegamente.
Portadora do controle magistral,
Que me faz viver, amar, sonhar,
Que me prende em um êxtase surreal,
Do qual eu me recuso a libertar.
Mas Deus quebra e cria,
Vazias promessas de longa data,
E de você eu me perdia,
Em um infinito de solitude abstrata.
Sobrevivo procurando descobrir,
O que existe do outro lado,
E eu ainda não quero decidir,
Qual será meu último legado.
Quando esse momento chegar,
Será óbvio nossas trajetórias,
Mas até lá, não ouse tentar,
Esquecer de mim em suas memórias.
Ou talvez eu já tenha a resposta,
Que os ventos me trouxeram em um aviso,
A perfeição que me foi imposta,
Diz que Índigo é a cor do meu paraíso.