Ermo

De madrugada

do alto de uma sacada

se via uma rua vazia

tão sem companhia

que até os ladrões

que nela agiam

mais que pelos crimes

subvertiam a ordem

e a lua, com teimosia

como se houvesse alguém

jogava na rua um lume

sabendo, que de alguma janela

haveria uma sentinela

acordada, sem sono

desolada, em abandono

esperando que algum errante

naquele palco sem enredo

servindo de eclipse

jogasse no chão uma sombra

mas nada

a rua não era assombrada

nem mesmo o guarda noturno

que deve ter perdido a hora

deixando o ladrão impune

e o palco, sem protagonista

sem ação, sem artista

viu a madrugada, em debandada

aguardar por nova temporada

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 29/09/2020
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